quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Absurdo Banquete do Comedor de Amor




Diálogo 69: Liberdade por Conveniência





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- Culpa? Ah não. Absurdo!


- Somos um espelho por dia, entre coração e razão!


- Somos busca de captação embriagada. Ensandecidos por vida. Inseparáveis da vontade que
transparece, bem ou mal, em DEFESA DA liberdade (do PODER FAZER) E DA independência (do PODER NÃO FAZER).


- Somos busca da satisfação pelos muitos sonhos, lados, cores e tons, rumo à complicada MULTIPLICAÇÃO do desejo de vontade de potência sobrevivente quente na soberania do VIGOR DA ESSÊNCIA dos desorientados, confusos e tumultuados...


- Dionisíacos!!!!!


- ...ciclos VITAIS HUMANOS.


- Eu sou. Você é.


- Todos são?


- Basta perceber o quão saudável é a despossessão, pra viver bem com isso.


- Amor é vida, reciprocamente estão aí pra serem vividamente devorados pelas explosões interiores e exteriores.


(...)


Diálogo 69




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Diálogo 13 - Liberdade da Desesperada Calma





(...)


- Complementariedade?


- ContempoRARIEDADE!


- O silêncio.


- É. Foi a primeira coisa que existiu. Por isso é o que há de mais completo.


- Hum...


- E se ainda não for suficiente?


- Então o cio e o ócio serão.


(...)



Diálogo 13


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Diálogo 03 - Liberdade de Busca







(...)




- Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.



- É. Agir! Eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está EM TER êxito, e não em TER CONDIÇÕES DE êxito.



- Grande Pessoa!



- Já dizia que é o tempo da travessia!



- Se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.




(...)





Diálogo 03




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Imagens de:
www.google.com/liberdade






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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Discurso da Inclusão



“Inclusão social” e “educação inclusiva” são expressões que ganharam importância no discurso de diferentes correntes político-ideológicas nos últimos anos. Debates com tais finalidades têm focalizado as chamadas “minorias” ou “grupos excluídos” que, juntamente com os referidos “deficientes” ou “especiais” (me perdoem pelo termo, eu proporia “reflexivo-diferenciais”, mas infelizmente são esses os usados), numericamente representam grande parte da população mundial. É exatamente um diagnóstico de produção de “exclusão social” que tem justificado a necessidade de se propor políticas que contemplem uma inclusão a partir da reorganização estrutural e conseqüentemente social.

É válido se observar a existência de toda uma estrutura que faz da proposta essencial do termo “inclusão” uma farsa, já se supondo que “se há uma necessidade de inclusão, haverá sempre propensão à exclusão, afinal, os termos não se anulam em prática”, sendo assim, fato, que sempre haverá excluídos. Essa idéia se percebe quando que em cada proposta de inclusão se conseqüência em nova exclusão, de forma a manter uma promoção do equilíbrio “natural” proposto pela ordem organizacional do que chamo de “sistema das necessidades”, baseando felicidade e liberdade em mera prática potencial de consumo, seja estético – que não deixa de ter sua importância, claro, mas até certo ponto – ou de auto-afirmação egocêntrica em detrimento à inferiorização do outro.

Pierre Bourdieu e Louis Althusser já propunham que a estrutura escolar é mera reprodução do modelo de sistema vigente, sendo a Escola o maior ratificador e propagador das diferenças sociais e da marginalização. Essas diferenças se manifestam em muito no cotidiano pós-moderno das relações humano-individualistas, quando se percebe a tolerância (que, de acordo com as análises sociológicas de Zygmunt Bauman, direciona à indiferença e à apatia, castrando o respeito e o conhecimento pela diversidade) em lugar da solidariedade (que, nesse caso, proporia acolhimento, reconhecimento e respeito à diversidade como fundamental nas relações sociais). Conclusões dessa espécie acerca dessas idéias mostram que há mais do que uma necessidade de re-educação; só haverá possibilidade de re-educação numa re-organização teórico-institucional.

Assim como que nos modelos de inteligências múltiplas de Howard Gardner, que exalta apenas uma das possíveis inteligências desenvolvíveis pela capacidade cognitiva humana (geralmente o de interesse comum à sustentação do modelo tecnológico-industrial, deixando os outros modelos de desenvolvimento cognitivo sem espaço para desenvolvimento), a existência de uma práxis da “inclusão educacional” será impossível enquanto se mantiver intacto o modelo tradicional institucional padronizado da “Escola” – que aprisiona a liberdade das possibilidades de expansão do desenvolvimento da cognição – sendo esse um modelo baseado numa fundamentação teórica sócio-relacional que, por si só, já é mais excludente que inclusiva, mantendo a maioria da população na idéia de “incluída”, graças à internalização de necessidades majoritariamente fúteis, na busca por um futuro “promissor”, porém desconhecido.
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Imagem: FEE - Fórum de Educação Especial
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sábado, 6 de setembro de 2008

Brasil, o latifundiarismo, a permanência da hipocrisia e da ratificação da dependência - Parte I - Breve histórico

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Inicio essa postagem com uma proposta de apresentar, problematizar e considerar conclusões teóricas à uma possível prática posterior de desenvolvimento auto-sustentável ambiental e econômico no Brasil.





A proposta é dividir a postagem em três partes, sendo esta primeira uma breve apresentação da pesquisa em um breve histórico do Brasil, levando em consideração alguns pontos que considero cruciais para uma possível resolução da questão agrária e do primeiro e grande passo para o fim da dependência econômica do Brasil em relação ao exterior, visando o a conservação do meio ambiente e sua autogestão renovável e autosustentável.

Pois bem, isso posto, inicio a primeira das futuras três partes do todo. Espero que simplesmente gostem, ou melhor ainda, que realmente sirva para alguma coisa.



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Panorama Econômico no Brasil no Século XIX




No século XIX, o Brasil passou por um processo de transformação econômica muito importante, pois, a produção açucareira (que se baseava em grandes extensões de terra e envolvia mão de obra escrava) se tornou mais cara que a produção cafeeira, mesmo em períodos em que o preço deste se tornava mais barato no mercado internacional. A produção de café foi aumentando ainda mais por ser uma fonte de renda em ascensão na época, levando ao surgimento de uma nova classe empresarial, já que desde o início do plantio desse produto houve um interesse de igual valor à fase de produção e de comercialização, fator crucial para o desenvolvimento econômico do país.
A partir desse modo de produção cafeeira, o Brasil iniciou sua expansão territorial, pois se aumentava o número de produtores de café por todo o estado, aumentando as fazendas produtoras e também obrigando ao descobrimento de novas terras para suprir a necessidade de produção. O algodão e a borracha tiveram também sua parte na expansão territorial e populacional após sua produção na segunda metade do século XIX na região nordeste e norte respectivamente, porém seus fins vieram rápido devido ao preço muito mais barato que o café, tornando inviável a sua disputa com relação à produção do sudeste.
Essas novas formas de produção influenciaram ao surgimento de ainda mais comerciantes e trabalhadores assalariados, porém, também colaborou com o desenvolvimento da classe econômica mais baixa, pois os ex-escravos sofriam preconceitos e outros obstáculos para terem rendas muito baixas e insuficientes para sua sobrevivência, comparados com os trabalhadores livres. Esses fatores se agravam com o decorrer dos anos, aumentando o déficit da balança comercial brasileira a partir do momento em que o Brasil pedia empréstimos externos para subsidiar a produção nacional, e os EUA adotam o chamado “padrão ouro” como solução para os períodos de desequilíbrio na balança comercial, o que era impraticável em uma economia com uma fonte de recursos externos variável, mas com pelo menos uma parte dos gastos em importações fixas.
Outro fator para a crise econômica foi que os grandes exportadores estavam lucrando muito e não repassavam esse lucro aos trabalhadores e assalariados, gerando grandes disparidades econômicas. Essa disparidade foi responsável por grandes conflitos internos entre os membros da antiga elite açucareira do império e a nova burguesia cafeeira que exigia ações políticas para amenizar as crises.
A tecnologia e a industrialização ganham força nesse período e o Brasil inicia a substituição de importações com a compra de indústrias sucateadas dos países desenvolvidos. Assim, as indústrias brasileiras começam a ter força e incentivos do governo. Essa “industrialização” dá início a uma nova fase econômica brasileira e ao surgimento de novas elites econômicas que agora estavam mais preocupadas com a produção de mercadorias industrializadas, deixando pouco a pouco o café de lado devido à ausência de interesses comerciais.

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“Para alguns autores, o próprio fato de os fazendeiros aceitarem o sistema escravista de trabalho, já se demonstra um nível relativamente baixo de racionalidade econômica nas modernas sociedades escravistas”.




A partir dessa reflexão, é possível discutir a possibilidade de uma lógica dessa "racionalidade econômica" dos fazendeiros em manter um regime de escravidão no Brasil.

Há três características que podemos citar em relação ao estudo sobre a dita racionalidade dos fazendeiros. O argumento de que a escravidão seja intrinsecamente menos racional que o trabalho livre, do ponto de vista dos donos das plantações, se apóia na asserção de que o alto volume inicial de investimento escravo, o que significa dizer capitalização de trabalho, cria três problemas econômicos fundamentais que se encontram no sistema do trabalho escravo e não no trabalho assalariado. Primeiro, reduz-se muito a flexibilidade do empregador e reagir às mudanças conjunturais da economia, uma vez que não pode contratar ou demitir os escravos me resposta as flutuações do preço das mercadorias que produz ou no seu custo de produção. Segundo, que se aumenta de modo significativo o risco de prejuízo suportado pelo empregador, particularmente na s situações em que o preço da mão-de-obra for alto, porque a morte prematura do escravo significa prejuízo para seu dono. Terceiro, que e elevam desnecessariamente os custos de trabalho, devido a necessidade de manter o mesmo número de escravos durante todo o ano, independente da época da maior necessidade de seus trabalhos ou não.
Na verdade, desde que exista um sólido mercado que trate das necessidades do uso dos escravos, os fazendeiros disporão de bastante flexibilidade no controle quantitativo de sua força de trabalho. Só uma situação de extrema crise econômica, que afastasse drasticamente o livre funcionamento desses dois mercados ou graus de negociabilidade de escravos, os tolheria a esse ponto. Outro problema reside nas pesquisas recentes sobre a mortalidade dos escravos, que mostram a esperança de vida de um jovem escravo adulto é consideravelmente mais alta do que se supunha anteriormente. Uma terceira questão se pauta no uso ineficiente do trabalho, embora indubitavelmente irracional do ponto de vista social, não se considera economicamente irracional do ponto de vista do empregador, se o preço que ele pagar por essa política econômica surtir efeitos lucrativos. Pensando irracionalmente – ou puramente economicamente falando – a escravidão não foi, então, um sistema intrinsecamente menos racional que a dita mão-de-obra livre.
E já que se falou em mão-de-obra assalariada, vale ressaltar que em regiões do sudeste, o trabalho livre foi anteriormente colocado em prática por vários motivos – e não por ser considerada uma atividade menos (ou mais racional) que a escravidão. O declínio da produção cafeeira no Vale do Paraíba, por exemplo, após 1888, liga-se invariavelmente ao impacto econômico referentes aos custos do trabalho maiores gerados pela abolição, pois além de exigências da nova metrópole prática brasileira, a Inglaterra, o trabalho assalariado dava margem a um controle maior da produção e produtividade dos fazendeiros.
Analisando a questão pela vertente temporal, se de um lado foi impossível para os fazendeiros de açúcar e café preverem os acontecimentos econômicos que hoje nós percebemos, de outro lado, eles possuíam meios de avaliar suas margens de lucro corrente com relação ao que se produzia em outras localidades que usassem outros tipos de modos de produção e em relação ao retorno que poderia ser obtido em investimentos alternativos aos já conhecidos. A variação do preço do escravo, dos preços do que produziam e as relações de lucro líquido entre escravatura e trabalho livre, o não movimento dos preços em determinadas regiões do país, como no sudeste, as inversas correlações das necessidades de exportação das produções do nordeste – produção de açúcar, igualmente nas Antilhas e em muitas outras regiões, como o Canadá, por exemplo – em contraste com a produção do café, produto novo, caríssimo e menos produzido no mundo, a exportação dos próprios escravos, que era uma forma de negócio de lucro, que tende a diminuir, entre outros muitos fatores, faz com que se perceba uma capacidade teórica de percepção da inutilidade de uma determinada mão-de-obra. Certamente, os fazendeiros já não estavam sendo muito racionais ao manter a mão-de-obra escrava já após a aprovação da Lei do Ventre Livre, em 1871, pois esse fato já tinha deixado patente que a escravidão não iria se estabelecer em longo prazo, como acreditavam muitos fazendeiros. A súbita e drástica depressão no mercado na compra e venda de escravos após 1881; a comunidade bancária – para com os empréstimos hipotecários de longo prazo para fazendeiros – começa a ter dúvidas sobre a segurança de sua política de empréstimos para fazendeiros que sustentassem a mão-de-obra de açúcar, que em sua grande maioria – pra não dizer todos – mantinham o regime de trabalho escravo; o mercado de aluguel de escravos no Vale do Paraíba não ter entrar em colapso durante a década de 1880, como aconteceu no NE do Brasil e o questionamento de um futuro político que legal e teoricamente não mantivesse a escravidão.A economia deu prioridade aos “pedidos” das políticas externas e de seu desenvolvimento econômico, fazendo com que, através desse impacto nas estruturas sociais e econômicas, aumentar a importância do trabalho mais barato e mais lucrativo de plantação que propriamente em relação à escravidão.



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A escravidão tendeu, ou não, a promover o aumento da especialização de funções das trocas de mercado e da melhoria qualitativa da produtividade do trabalho?



Negativo.



A escravidão é adversa ao desenvolvimento econômico. Primeiro, o sistema escravidão/plantação tendia a comprimir os custos de trabalho e a encorajar os fazendeiros a aumentarem a produção mais quantitativa que qualitativamente. Segundo, a isso se adicionam as dificuldades criadas pela própria natureza do trabalho escravo no sentido de desarticular a adoção de novas técnicas e equipamentos. Portanto, o trabalho escravo não era adequado para exercer atividades industriais. Terceiro, a mão-de-obra escrava era ineficiente e sem flexibilidade, já que a escravidão carrega características inerentes à servidão. Quarto, o investimento em escravos absorvia um volume significativo de capital, o que impedia seu desenvolvimento em atividades mais produtivas. Quinto, o sistema escravocrata inibe o crescimento do mercado de produtos manufaturados de longo consumo, impedindo a acumulação de capital no setor industrial. Sexto, o sistema retarda a especialização agrícola em novas culturas e o desenvolvimento de um mercado rural de produtos agrícolas.
A escravidão, em resumo, era adversa do ponto de vista econômico, pois retarda o mesmo e impede o desenvolvimento econômico do país ou da região onde se instala.
No entanto, podemos esboçar algumas proposições para reforçar ou questionar esses argumentos. Podemos concordar com a validade desses argumentos, embora achemos que, muitas vezes se apresentem de maneira enganosa. Primeiro não se deve presumir que a escravidão fosse uma barreira absoluta para a especialização, o progresso tecnológico e o aumento da produtividade do trabalho. Segundo, a escravidão não se estabeleceu numa barreira absoluta no que diz respeito a formação de uma força de trabalho industrial ou qualificada. Terceiro, no que se refere à excessiva concentração de capital em escravos é importante assinalar que a compra de um escravo não implicava a imobilização de capital senão, sua transferência de uma pessoa para a outra. Quando essa transferência se efetua dentro do quadro do tráfico africano de escravos, aí sim, representaria uma perda de divisas para o país. A escravidão, ao tolher a liberdade de escolha dos escravos, tende a rebaixar a remuneração do trabalho de níveis inferiores aos que se verificariam em condições normais de mercado.Em se tratando especificamente da política, para o desenvolvimento econômico, as medidas encontradas pelos fazendeiros paulistas para solucionar seus problemas de mão-de-obra tivessem aspectos bastante originais não devemos nos iludir quanto a um deliberado espírito liberal (influência da política inglesa nas Américas). O mercado de trabalho livre e a imigração em massa foram principalmente soluções de conveniência, possibilitadas por uma conjuntura peculiar. Não decorreram de uma nova mentalidade “progressista” por parte dos fazendeiros, embora lhes permitissem reconciliar seus interesses econômicos com a ideologia dominante da época no mundo ocidental.



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Fim da primeira parte.


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Referências Bibliográficas

Fotográficas: google.com
Informacionais: FURTADO, Celso; In Formação Econômica do Brasil.




sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Panorama Latinoamericano, sem hífen ou separação.



É de longe que se sabe da importância – e da extrema necessidade – de uma unificação político-econômica na America Latina para um desenvolvimento mais forte e independente, numa tentativa de se manter mais fora do que dentro dos padrões e ideários da política neoliberal euro-estadunidense.


Não que os fatos últimos ocorridos na América sejam últimos e únicos para a solução dos impasses dos interesses das grandes corporações industriais e midiáticas na região, mas desde a reeleição do presidente Lula, aqui no Brasil, que, querendo ou não, sempre foi no poder o maior representante de uma tentativa de política voltada para o povo, contudo sempre mantendo seu papel mediador entre os interesses dos pobres e dos bancos, porém, com muito menos privatizações e com o apoio de ministros que já deixaram os cargos por diversos problemas enfrentados contra os tubarões e dinossauros do mantenedouro da política no Brasil e na América.


Lá nos EUA, estas são as palavras que Flávio Aguiar escreveu na sua coluna na Agência Carta Maior, diante da indicação de Barack Obama para disputar a presidência Dos Estados Unidos da América (do Norte), o cargo mais Cobiçado e odiado do planeta Terra, em toda sua história: “Entre os tombos, Barack pra presidente! As promessas e as decepções, a gente discute depois”.


Onde quero chegar? Quero chegar à tentativa de mostrar que, ao que parece, a América Latina está começando a se conscientizar de que para haver um reacionarismo nativo, os fatos últimos e a análise do panorama político-econômico latinoamericano no momento são de extrema importância para o início das concretizações dos planos de desenvolvimento auto-sustentado de independência há tanto teorizada.


Vamos a um rápido giro.


Em Asunción, o ex-bispo católico e socialista Fernando Lugo, de 57 anos, está, nesse momento, assumindo a Presidência do Paraguai em meio a uma grande expectativa de mudanças no nosso parceiro do Mercosul. Seus gestos de apoio e aprovação em direção ao venezuelano Hugo Chávez já incomodam o mundo político conservador paraguaio, mas foram recebidos com tranqüilidade pelo governo brasileiro, que quer negociar – e espero que com cuidado – as fontes energéticas e suas conseqüências da usina de Itaipu.


Em La Paz, no dia seguinte ao referendo revogatório, no qual Evo Morales foi massivamente ratificado, com cerca de 65,5%, e no qual os principais prefeitos (governadores) autonomistas também conseguiram uma massiva votação, ganhou força a necessidade de iniciar um caminho de reconciliação nacional. A vitória do índio aymara que restituiu ao país andino o controle sobre recursos naturais que, antes da onda liberalizante, eram explorados pela Yaciamientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB), empresa que foi retalhada e vendida a cerca de 20 multinacionais de petróleo, demonstra que o povo do Altiplano aprendeu que sua cultura é uma forma intensa e superior de fazer política. Uma práxis tão rica quanto vitoriosa.


Lá em Caracas, o ex-chefe paramilitar colombiano Hebert Veloza admitiu ter sido responsável junto com seu grupo armado pelo assassinato de mais de três mil pessoas entre os anos de 1994 e 2003. Esse foi um dos fatos que deixou claro serem as relações entre a Colômbia de Uribe e os Estados Unidos dos Bushes uma afronta à liberdade da América Latina.


Muito mais do que minha aprovação ou desaprovação a esses governos, eu acredito que depois de anos, já dá pra começar a pensar em um futuro mais otimista para a América Latina. Fatos como esses, expressam um desejo de avanço, que só vai ser possível com uma América Latina integrada.

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Construir uma nova hegemonia é desafio para América Latina

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Em entrevista ao jornal argentino Página 12, Emir Sader analisa o atual momento político da América Latina. Para o sociólogo brasileiro, o que está faltando para a integração da região avaçar é um projeto estratégico de futuro, uma compreensão mais clara do que é a América Latina hoje. As propostas do Banco do Sul, de uma moeda única e de um Banco Central Único apontam para essa direção, defende Sader.


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(fotos: Jornal Zero Hora, Maio de 2008 e google.com)




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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

“Ninguém tem coragem para dizer a verdade para o presidente”

Desde 1998, o jornalista e professor Bernardo Kucinski dedica-se a fornecer a Lula uma análise crítica sobre a relação do presidente com a mídia: “Ninguém tem coragem para dizer a verdade para o presidente claramente e eu digo todos os dias de manhã”.

(Entrevista a Alice Sosnoswki, na Agência Repórter Social (www.reportersocial.com.br), em 9/1/2006).


A rotina do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma constante: a leitura obrigatória, todas as manhãs, de um documento conhecido como “carta crítica”. Uma resenha do que saiu na imprensa sobre o governo naquele dia. Nela, o presidente tem acesso a uma análise apurada do noticiário. Recebe críticas, sugestões, advertências e até broncas. Algumas vezes, em seus discursos, Lula reclama da acidez dos que acordam mal-humorados. Nestas ocasiões, ele se refere ao autor da “carta crítica”, o jornalista e professor da USP Bernardo Kucinski.
Não é para menos. Para produzir a resenha, Kucinski acorda às 5 da manhã, percorre os jornais nacionais, internacionais e faz uma análise da conjuntura a partir do que leu. No documento, o "chato do Kucinski", como é conhecido nos corredores do Planalto, tece comentários sobre as ações do governo, suas repercussões e analisa as matérias da imprensa no que elas trazem de mais interessante: as entrelinhas. A prática de escrever esta resenha para Lula começou ainda nas eleições de 1998, quando o jornalista percebeu que uma leitura crítica do noticiário poderia ajudar o então candidato a presidente. Kucinski, que era colaborador da campanha, passou a enviar relatórios diários – conhecidos como "cartas ácidas" - a Lula.
Em 2000, estas cartas foram publicadas em livro. Já na campanha de 2002, dentro da lógica do "Lulinha paz e amor", as “cartas ácidas” se tornaram "cartas críticas" e assumiram um tom mais ameno. Lula venceu e quando chegou ao Planalto continuou recebendo o material do agora assessor especial da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica. Além do presidente, poucos colaboradores têm acesso ao conteúdo da resenha.
Na entrevista a seguir, o autor das "cartas críticas" fala sobre o governo Lula ("decepcionou muito"), sobre a imprensa ("a palavra de ordem é linchar") e sobre o papel dos jornalistas na cobertura da crise política ("eles estão fazendo uma cruzada moral"). Por último, mas não menos importante, Kucinski também critica a atuação de Duda Mendonça no governo – “ele atuou dos dois lados do balcão” - e aponta problemas na área de comunicação do governo. Confira a entrevista dada a Alice Sosnowski, especial para a Agência Repórter Social:




Repórter Social - Qual a diferença das "cartas ácidas" feitas para o candidato Lula na campanha de 1998 para a "carta crítica" dirigida ao presidente?

Bernardo Kucinski - A própria nomenclatura já tem um significado de mudança. O Lula achava que eu era ácido demais e muito mal-humorado, sempre vendo o lado negativo e então, por sugestão dele mesmo, mudamos para uma coisa mais amena, pois você pode ser crítico sem ser pessimista. O nome não mudou só porque ele virou presidente, mas já na campanha de 2002. Ele achou que não podia sair de manhã com raiva da imprensa, pensando mal das coisas, e a carta ácida realmente era ácida. Então, por exigência dele, mudamos o nome para carta crítica. No sentido de ser algo mais propositivo, menos mal-humorado. Porque na campanha o Duda Mendonça disse para o Lula aquela história de "Lula paz e amor": E você lê aquela coisa do Kucinski e já sai de mau-humor. Isso não é bom. Então, começou ali essa mudança de postura, uma coisa menos ácida. Quando o Lula virou presidente, foi mantido o nome carta crítica.



Repórter Social - Como você avalia a relação da imprensa com o presidente Lula?

Kucinski - Sempre foi muito ruim. Ele sempre foi muito maltratado pela imprensa, tirando alguns períodos - como em certo momento da greve de 1978. Fora alguns períodos, ele sempre foi muito desrespeitado. Os jornalistas não aceitam um líder político que não tenha diploma.




Repórter Social - Os jornalistas ou os donos dos jornais?



Kucinski - Os jornalistas, não os donos. Os jornalistas não têm respeito com a pessoa do Lula. Há sempre há um pressuposto de que ele vai falar besteira, vai errar, de que ele não conhece as coisas, usando como parâmetro um conceito de saber que é acadêmico. O Lula sempre foi tratado com discriminação e desrespeito. E em momentos cruciais, ele foi bombardeado com difamação. Eu me lembro que alguns momentos específicos, como aquela história do carro que ele vendeu ou dele morar numa casa de favor, coisa que milhões de brasileiros fazem. Tudo era distorcido para mostrá-lo como propenso à corrupção.






Repórter Social - Mas ele sabe que como figura pública e ainda mais como presidente que tem telhado de vidro. Ele mesmo já falou sobre isso quando ganhou as eleições.



Kucinski - Claro. Ele tem consciência disso. Esse trato que a imprensa dá ao Lula deveria criar nele uma rejeição à mídia total, mas ele se controla. Interpretando o Lula, eu acho que ele tem uma visão não muito positiva dos jornalistas, por causa de tudo isso. Agora, o erro que o Lula cometeu é quando ele virou presidente. O Lula não soube dissociar ele como pessoa, o político que vem sendo perseguido faz anos, da figura do presidente. O presidente tem por obrigação receber a imprensa. Não importa o que ela vai fazer depois. É uma obrigação institucional. O presidente tem que falar com a imprensa e, através dela, falar com a nação. Eu acho que faltou ao Lula e ao governo a percepção dessa obrigação. O governo começou a tratar mal a imprensa, não da forma que a imprensa tratava mal o Lula – ofendendo, xingando, discriminando – Muito pior, eu acho. Ele eliminou a necessidade da imprensa. Ela passou a se comunicar diretamente, através das falas do presidente, do café do presidente, dos discursos do presidente, que é sempre uma fala vertical. Ele fala e não se submete ao questionamento. O governo até poderia ter feito isso se, ao mesmo tempo, estabelecesse um rito de coletiva, como todos os governos de países importantes fazem. Uma vez, duas vezes por semana ou todos os dias. Sempre que tiver um visitante estrangeiro, fazer uma coletiva. Tem um acontecimento importante, uma coletiva. De uma forma ritualísitca. Sempre no mesmo lugar, com o escudo do Brasil atrás. E isso, o governo Lula não fez.







Repórter Social - Quem é contra este tipo de comunicação no governo? O presidente Lula?



Kucinski - A falha é do grupo que chegou ao poder. O PT tem uma tradição curiosa nessa análise. Ele tem propostas de políticas públicas para várias áreas: saúde, educação, agricultura, mas para comunicação não tem. As que ele tem, que os grupos de ativistas chegaram a fazer nunca foram incorporadas pelo partido. Então já começou por aí. E quando se instalou o governo a comunicação foi... eu diria o seguinte: primeiro pela experiência de vida do Lula e a convicção que ele tem que se comunica bem diretamente com o povo, o que aliás acho verdade. Segundo, a presença do Duda Mendonça foi pertubadora. Ele passou a circular no governo de maneira informal. Ele não era ministro de nada, ele era contratado pelo governo para fazer ações de comunicação. Na minha opinião, ele não podia ao mesmo tempo ser palpiteiro do governo e quem ia fazer as ações. Nem as empresas privadas fazem isso. Você apresenta sua demanda, a empresa de comunicação apresenta a proposta e você aprova ou rejeita. Ali não. O Duda ficava dos dois lados do balcão. De maneira informal, mas isso aí prejudicou a percepção pelo governo que ele tinha de criar uma política de comunicação e colocar essa política em um plano estratégico .







Repórter Social - Como deveria ser este plano estratégico de comunicação? Deveria ser centralizado? Com quem?



Kucinski - Na forma como o governo foi criado inicialmente, isso deveria ser centralizado com o (ex-ministro)Gushiken, mas ele não era do ramo. A experiência dele é de campanha, não de comunicação do governo. Talvez por esse motivo e também por outros, ele foi tocando muito na chamada comunicação programada, em que você paga para comunicar, que são ações de propaganda. Agora, comunicação de governo não se restringe a isso. Deveria ter o mínimo de propaganda possível e ter outras formas, que são coletivas, folhetos de informação, relatórios, livros, análises, briefings com a mídia. Isso foi um dos problemas. Não houve essa percepção e não foi por falta de projeto. Eu mesmo fiz inúmeros projetos e foram todos engavetados, e também por uma outra coisa que aconteceu no começo do governo, que foi o seguinte: transferiu-se da vida política do PT um padrão de comunicação que é típico do político, que é a comunicação privilegiada. Quase todo o político tem algum jornalista que ele privilegia, e ele passa informação apenas para ele, há um acordo entre eles. Foi esse o padrão que se seguiu. O padrão de comunicacao do governo Lula é por um lado a fala vertical do presidente e por outro os vazamentos, que se tornaram padrão de comunicação. Vazamento de assessores muito próximos. Os vazamentos desmoralizam o governo, desmoralizam os comunicadores, insuflam a luta interna. Passa-se a fazer uma luta interna através da mídia. Usa-se a mídia para disputa interna. Vira uma distorção. Os vazamentos ou conversas reservadas com jornalistas têm um papel importante, mas ele é acessório. É legitimo chamar um grupo de jornalistas, tentar contextualizar uma situação, baseado no off. Você num certo sentido dá uma orientação, elementos para jornalistas optarem pelas prioridades dele. Isso é legitimo e necessário, mas isso tem que fazer parte de uma política de comunicação. Com o tempo foram se perdendo outras coisas. Você não tem um sistema que decide qual é a fala do dia, você perde oportunidades. Na semana passada mesmo (a entrevista foi feita no dia 04 de dezembro), a CEF pela primeira vez abriu financiamento para a classe média de habitação, depois de 13 anos. Foi anunciado como coisa da empresa, da Caixa. Isso deveria ser coisa do governo, com o Lula anunciando. Não há o menor planejamento. A situação, em vez de melhorar, foi se deteriorando.







Repórter Social - O que aconteceu quando a carta crítica vazou para a imprensa em 2004? Como o senhor interpretou o fato?



Kucinski - Eu não dei bola. Certamente foi para me agredir. Quero deixar claro que o jornalista tem o direito de fuçar, descobrir e publicar. O erro está no fato de que a carta crítica é uma conversa reservada entre eu e o presidente que, por deferência dele, é compartilhada por alguns ministros. E alguém vazou. Hoje ela vai para umas 7 ou 8 pessoas. Mas é sempre considerada uma correspondência do presidente, que ele acha conveniente compartilhar. Eu não dei bola para esse vazamento. Tomo certos cuidados. Procuro ser contundente, ir ao ponto. Eu acho que tenho convicções muito democráticas sobre mídia. A carta crítica nunca tem nada de comprometedor. Um vazamento acaba não tendo efeito nenhum







Repórter Social - O senhor critica a forma como a imprensa conduz a crise política em Brasília? O que falta para os jornalistas?



Kucinski - Está faltando tudo. Falta conhecer história, e falta a preocupação em conhecer. Falta operosidade. Eles não trabalham a sério as questões, não vão a fundo. Estou falando do jornalista, do repórter. Você tem aí uma grife, os colunistas. Estes têm conhecimento, bons contatos, cultura, bagagem. O problema é outro.







Repórter Social – Qual?



Kucinski - Eles têm um espaço privilegiado na imprensa porque defendem certas posições. Todos eles defendem a política econômica do Palocci, do Banco Central, defendem corte de gasto público, o Estado mínimo. Por isso, eles são premiados com espaços nobres. Há um processo de seleção na verdade. E eles estão em todos os lugares. Você abre o jornal, ele está no jornal. Você liga o rádio, ele está no rádio, você liga a TV, está na TV. Estão em todos os espaços ao mesmo tempo, pq eles estão falando aquilo que o poder quer que ele fale. Você tem exceções, mas elas são contada nos dedos de uma mão, como o Luis Nassif por exemplo. Em geral, eles são tolerados porque legitimam o jornal. Os dissidentes, os mais críticos também têm o seu espaço, mas é um espaço mais acessório, ocasional, calculado para que ele não influa no tom geral do discurso da mídia.







Repórter Social - E os repórteres?



Kucinski - O problema do repórter é que eles estão vivendo um momento muito difícil. De extrema competição, uma carga de trabalho que não deixa espaço para um trabalho aprofundado. E nesse ambiente, com essa carga, nas circunstâncias atuais, criou-se nesse reportariado uma postura muito igual de todos eles. Sendo todos iguais, todos correm menos risco. E qual é a postura igual? Todos acham que todo o governo Lula é corrupto, tudo que todos os ministros fazem é suspeito e qualquer coisa que se faça, alguma coisa tem por trás daquilo. Como o trabalho é uma pauleira, não dá tempo de investigar direito. Aos poucos a gente foi vendo que as acusações viraram matéria; as pautas viraram matérias. Matérias inteiras que deveriam ser o ponto de partida e elas são o ponto de chegada.







Repórter Social - Mas isso não é responsabilidade dos editores, diretores dos jornais?



Kucinski - Aí junta a fome com a vontade de comer. Eu não acho que eles (os repórteres) fazem isso porque mandam eles fazerem. Eles fazem isso porque estão possuídos por um sentimento genuíno de indignação. Eles se sentem cruzados de uma cruzada moral. Se você ousar dizer o contrário pode ser repudiado pela categoria. A palavra de ordem é acusar e linchar. Eu acho que daqui a 10 anos vai haver um mea culpa. Vão perceber que ¾ das acusações eram infundadas. Se uma pessoa vai falar com um ministro, isso não quer dizer que tem corrupção. Vão perceber que a tal empresa do Gushiken não teve sacanagem e afundou por causa dessa campanha. Vai ver quantas empresas já quebraram por causa dessa campanha







Repórter Social - E por que a imprensa entrou na campanha de linchar o governo Lula?



Kucinski - Porque o governo Lula decepcionou. Houve uma decepção que começou pequena e foi se aprofundando. E quando estouraram as acusações do Roberto Jefferson, que surgiu o cânone dessa lambança toda, aí a decepção foi total e não houve como esconder. O que está acontecendo é que todo mundo acha que tem que fazer uma acusação. Tem que fazer parte de um processo histórico, como se estivesse pertencendo a uma coisa que uma geração está fazendo: a nossa geração está derrubando um governo corrupto. Todo o jornalista se sente na obrigação de contribuir com isso. Eles acreditam que estão fazendo o bem. Eles estão percebendo a superfície das coisas e não os fundamentos. Eles não percebem que todos que estão acusando o PT sempre foram corruptos. Eles estao discriminando. Acusam o PT e não os outros. A história do Azeredo, das privatizações. Ela aparece muito minimizada, para legitimar a campanha contra o governo Lula. É um fenômeno interessante, parecido com o marcartismo, que aconteceu nos EUA. Anos depois veio a critica ao marcartismo, todo mundo que era vilão virou mocinho e vice-versa.







Repórter Social - Qual será o papel da imprensa na próxima eleição?



Kucinski - Não pensei nisso. (...) refletindo profundamente nos nossos papéis, dispostos a não cometer os mesmos erros que já cometemos e dispostos a não passar cheques em branco. Uma pessoa como eu tem uma história de jornalismo, de professor, tenho minhas convicções. Nós temos que levar muito a sério a própria história. Na questão do governo Lula: apostamos no governo Lula, eu apostei no governo Lula. Acho que o governo Lula tem muita coisa boa, mas fragmentada no campo do ensino, da agricultura familiar, da inclusão social. Infelizmente, muitas delas são reversíveis. Algumas não são, como o Prouni. A mídia não está cuidando disso, porque está obcecada pela denúncia. Uma coisa ruim que está acontecendo. Ela só trata de coisas institucionais, não trata do que acontece no dia-a-dia, no real. Mas, fundamentalmente, o nosso governo não foi capaz de mudar o país como ele prometeu. Mudar para sentir que estamos caminhando para alguma coisa, você não muda de um dia para o outro, mas você cria o sentimento da mudança e esse sentimento não foi criado.







Repórter Social - Em uma ocasião o senhor disse que o governo Lula deveria ser mais ousado. Em quê?



Kucinski - Na política econômica. Nós fomos ousados em alguns campos sociais, na política externa, mas absolutamente conservadores, retrógrados e eu diria até burros na política econômica. Esta política camuflada por um êxito nas exportações que não tinha nada que ver com a política econômica e muito mais com o cenário internacional. O discurso dominante acabou sendo esse, da continuidade, da estabilidade e não o discurso da mudança. Nós enterramos o nosso próprio discurso da mudança.







Repórter Social - O senhor acredita que a ministra Dilma Roussef virou porta-voz dos descontentes dentro do governo?



Kucinski - Não sei.







Repórter Social - O senhor pretende sair do governo?



Kucinski - Não vou responder.







Repórter Social - Última pergunta: por que o “chato do Kucinski”?



Kucinski - Ninguém tem coragem para dizer a verdade para o presidente claramente e eu digo todos os dias de manhã. Eu não estou lá para puxar o saco, elogiar. Eu também não estou lá para infernizar. Estabeleceu-se a partir de um certo momento que eu criei uma forma de tratamento da questão que era importante para o governo e era a única instancia onde isso era feito, uma forma crítica que tinha que ser preservada. O Gushiken chegou a formular esta teoria de que eu tinha que ter liberdade total. Mas a turma fala “o chato” por um pouco de brincadeira. Por outro lado é uma coisa que não existe em qualquer governo, é muito raro encontrar.









reportagem extraída diretamente de http://www.piratininga.org.br/2006/81-kucinski.html





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