sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Absurdo Banquete do Comedor de Amor










Diálogo 904 -
Paciência Irracional Grandeloqüente ou Feijoada Multi-Sentimental num “modo de compatibilidade” que chamam de “equilíbrio”









- Bem vindo à conflituosa busca que nos propõe à propaganda espetaculosa da “felicidade” e da “virtuosidade”. Esses instrumentos de conhecimento e expressão tão comuns nos mostram como funciona o processo sociedade. Não há ação e violência maiores do que as drásticas diferenças interiores das almas tendo que ser moldadas à ortodoxia deslocada dessa organização chamada VIDA EM RELAÇÕES SOCIAIS (deslocada digo no sentido das manifestações em formas irreconhecíveis nas relações dos sentidos).

- O poder grita acima de todas as qualidades. A competição é cada vez mais acirrada a fim de se promover num salutar devir. Nada é por nada, feito do nada ou pra nada. Ninguém faz qualquer coisa sem esperar qualquer algo em troca, por mínimo ou mais inconsciente que seja esse algo. Tudo tem um porquê, um pra quê, um como e um fim. Aí está a ordem, assim configurada.

- Essa alienação recíproca é a cerne do sustento da existência. O SER em sua essência, transformando-se em TER (seja lá o que for), fala acima dessas almas e de suas diferenças. Busca sempre um modo de compatibilidade. Quando não há essa possibilidade, extermina-se (seja lá o que ou quem for).

- Nada mais é simplesmente sentido e/ou externalizado e aceito como proposta, porque nada mais vale o que se busca. A pessoa (e sua proposta de ser tal e qual) é cada vez mais eufemística, a fim de confortar cosmeticamente (sim, de cosmos = perfeição da construção) uma gama sentimental colocada como presa (aqui, em dois sentidos: alimento e sem saída) na teia do que se chamam RELAÇÕES EM VIDA. Uma mobilização rumo ao desconhecido confronto diferente de arbitrário.

- Desconhecido no sentido cíclico, construído dentro de parâmetros gerais-generais (semelhantes em essência, dentro de contextos diferentes). Esse movimento aparente e diferencial-repetitivo é o sustentáculo dessa ordem.

- Em cima do palco (e também fora dele, afinal nem sempre somos SÓ os atores) a alienação na relação ator/espectador em proveito do objeto contemplado (muitas vezes vindo inconsciente) se mostra sempre assim: QUANTO MAIS SE PROPÕE, MAIS SE CONTEMPLA E MENOS SE VIVE.

- Quanto mais aceito se reconhecer nas imagens do que SE DEVE SER – imagens essas dominantes na NECESSIDADE – menos se compreende a própria vida ou os próprios desejos. Tudo se torna indiscutível. Aceitamente indiscutível. Desnecessariamente irreconhecível. Incompreensível.

- Conseqüentemente vem o desconhecido dentro da ordem "TÃO PERFEITA" da vida: o que chamam de infelicidade.

- Porque somos constantemente bombardeados por uma fetichiosa felicidade. O real se torna meramente relacional, perde sua substância, transforma-se em técnica, em mera metodologia. Vida metódico-metodológica: planilhificada.

- O humano separado do seu sonho (do que o torna mais humano) "construo-re-produz-se" cada vez menos em seus movimentos próprios, peculiares à sua diferença. Perde-se a noção do seu campo de poder e se entrega a uma teia já ornamentada em vez de organizar A SUA PRÓPRIA e se inserir com ela (ou através dela) à teia-vida externa, coletiva.

- Quando não nos lançamos de cabeça nas propostas de felicidade (leia-se: quando temos que respeitar o limite do outro, que é onde acaba a nossa liberdade), transformamo-nos em mera peça de guarda, transportando em nossa essência moribunda de liberdade um quantum insuficiente de felicidade. Talvez alguns chamem isso de egoísmo. E eu concordo.

- Perdemo-nos de si, mirando cada vez mais pra fora do nosso mundo. Quanto mais nossa vida é (necessariamente) regida de fora, menos o HUMANO-DE-MIM vive o seu agora; mais se separa do que diz ser SUA PRÓPRIA vida.

- Consideremos então que não existe vida própria; toda vida é coletiva.

- Então encontramos mais uma vez a insatisfação produzida pela incomplementariedade. A vida se molda no espaço do FORA DE SI, mas só é possível se propor como tal em essência (como vida), no DENTRO DE SI.

- Muitas vezes uma espécie de “sapiência” me faz sentir assim: acorrentado, irrespirável, buscando respostas onde elas já não estão ou existem mais.

- E o pior: a prática da vida sempre mostra que é assim que tem que ser. Afinal, o que seria de nós sem a ordem constitutiva e a moral historicamente organizada dentro dos parâmetros necessários desse controle? Será que haveria sociedade (humana) como tal sem religião, sem família, sem os sentimentos e os valores moldados pela tradição, pela televisão ou pelo jornal, sem o dito “instinto” materno ou paterno, sem o locus da vitória em busca da eterna concorrência e da EXTREMA competição?

- Leia-se, nesse caso, vitória = superioridade; logo, locus da = PREPOTÊNCIA.

- Quer dizer que viver em paz é isso? Conseguir aceitar tudo dessa forma, tentando se moldar disfarçadamente numa fôrma média?

- Ir no curso do rio e, por mínimas vezes, dar um passinho de lado?

- Conseguir um ponto de apoio num nível místico que explica tudo a partir de dogmas “humano-sensoriais”?

- Tentar viver em MEIOS TERMOS é o que chamam de equilíbrio?

- Sempre pensei que a solução estivesse em buscar o caminho no AMOR. Mas, impacientemente (e SEM cuidado) percebi que sempre TUDO (fora e dentro de si e dos outros) nunca é como imaginamos, vemos, cheiramos, ouvimos ou tateamos que seria.

- Nem sempre é mesmo como SENTIMOS que é, imagine!

- Disseram-me hoje que “o amor é o que se aprende no limite”.

- Pois bem, o que está além desse limite eu chamo de RETICÊNCIAS.

- Ninguém conhece, ninguém sente, ninguém vê, ninguém entende.

- As reticências vão além das meras interpretações dos sentidos e sentimentos, porque elas simplesmente SÃO; são tão completas e ensurdecedoras como o silêncio.

- Entre amor e o ódio, a paixão e a raiva, a busca DA felicidade e a felicidade NA busca, existem tantas reticências quantos são os pontos que formam a linha infinita do gráfico existencial dos extremos sentidos, na ordem e no caos da vida (de si e em si).

- O problema maior é que por elas formarem linhas, a gente nunca sabe onde elas começam ou onde se encontram, porque terminar a gente sabe que nunca terminam.





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sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Absurdo Banquete do Comedor de Amor

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Monólogo 01 - Busca Incontestável Atemporal








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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Absurdo Banquete do Comedor de Amor

Diálogo 12 - Ressonância






- Gumm... Tá-CUM!


- Gumm... Tá-CUM!


- Ouve isso?


- Paradas cárdio-vazias
de sons estrios
preâmbulos a sós-nâmbulos loucos insandecidos
por sentimentos moucos de cosméticos
cósmicos mistos, antidepressivos


- Vidas intensas fúrias sem nexo
de letras miúdas sorridas por dentro
trabalham por rezes em vez de sentir


- Às cores primárias
da cozinha à sala
e de cada cor que se pensa ter em cada
grão-semente vívida de felicidade da busca
que forma a primeira para se misturar
às terceiras antes de cair

sozinha, de cara,

no

lixo.



- Escuta a cítara!

- Escuta a semente se abrindo.

- O silêncio.


- Os sentidos são os terceiros primeiros
mínimos desejos crus despidos de
qualquer ordem
ou jeito


- É gente livre de toda a cor
livre dentro de um quadrado
livre da concórdia quando a discórdia vem
tudo de dentro da mesma possibilidade de ação


- Então grita!
Grita de dentro desse calabouço
intestino-institucional de si mesmo
na tentativa de se livrar desse moribundo
doente
de liberdade.


- É como querer água num oásis de areia
e ter que esperar chover pra poder beber


- Sabendo que a chuva depende
de si mesma
e do sol.


- Que no meu caso é uma mente
e um coração.


- Já sei: sensação de busca por um vazio?


- É, mais ou menos; sensação de busca NO vazio.


- ¬¬


- E tem diferença?


- Quando você é o propulsor da prisão de si mesmo
no outro e do outro em si mesmo,
tudo faz e tem diferença.


- Você conhece o território, mas não o RE-conhece mais.

- É porque ele nunca foi meu.




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Diálogo 12


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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Absurdo Banquete do Comedor de Amor



Diálogo 23: Átema, por Encanto






- Sumir em mim, solta daí.

- Sumir em si, solto daqui.

- Eu não sou daqui, e de lugar nenhum...

- Ela falou antes de dormir:

- "Estou de olhos fechados, solta no universo... Não penso mais...

- Sinto".



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Diálogo 23.


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