segunda-feira, 30 de maio de 2011

O desafio da escolha do conhecimento


Ao positivismo, todas as críticas já imperaram. Desde o seu surgimento, até a atualidade, várias correntes de pensamento e metodológicas já criticaram a maneira de pensar do positivismo. Concordo e discordo da crítica.

domingo, 8 de maio de 2011

A exportação dos contrários opostos...


NOTÍCIA: "The Wall Street Journal lança site inspirado no Wikileaks".
COMENTÁRIO: Sabe o que é mais complexo nesse nosso querido e contemporâneo sistema neoliberal? É a capacidade que tem de absorver críticas e posições contrárias a ele; ressignificá-las, e depois devolvê-las a nós como réplicas sólidas, lógicas, justas e convincentes de razão.
Eita mundo de cão!
(Vai uma camisa aí, toquinha, caneca...?)
 
 
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sábado, 30 de abril de 2011

O passado se constrói no presente

 
Um dos problemas do mundo contemporâneo é encontrar métodos permanentes para a armazenagem de dados digitais. Enquanto você tem papiros do antigo Egito com mais de três mil anos de idade, completamente intactos, ou LPs dos Beatles, fabricados na década de 60, e hoje em perfeito estado, praticamente não existem mais vestígios de arquivos digitais de 20 anos atrás. 
Que passado é esse que estamos construindo?



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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Da relação doxa/episteme ou Da necessidade de verdade e de que verdade

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senso comum ---> intuição ---> opinião ---> construção do conhecimento ---> fundamentação ---> legitimação do conhecimento ---> ciência ---> conflitos ---> crises ---> transformação ---> opinião ---> intuição ---> senso comum.

E meus professores diziam que nossos "achismos" não valiam nada.





A breve verificação (linear, que seja) sobre a relação entre doxa e episteme (senso comum à intuição à opinião à construção do conhecimento à fundamentação à legitimidade do conhecimento à ciência à conflitos à crises à transformação à opinião à intuição à senso comum) é a alma da ciência pós-moderna. Ora, por que meus professores sempre disseram que meus “achismos" não valiam de nada? Eles valem. E valem muito. O que meus grandes mestres esqueceram (ou não tiveram tempo e oportunidade) de colocar é que, “achismos”, sem argumentação, não valem porque não são opinião. Então opinião vale! Mas para valer mesmo, depende do tipo e forma da fundamentação, porque depende da ordem de poder que está inserido o seu discurso. Se seu discurso interessar a essa ordem, tudo bem. Se não, não é verdade. Assim são construídas as verdades, seja na academia, seja na interação social do dia-a-dia. Boaventura de Sousa Santos esmiúça bem o cerne dessa questão em crise, quando propõe que “a ciência se opõe absolutamente à opinião”.
Essa é a posição da ciência moderna, hoje inserida num paradigma argumentativo-verificativo, enquanto ainda considera avaliar melhor do que verificar. Os tempos pós-modernos (e que fique claro que esse termo pós-moderno está sendo adotado por falta ou ausência de um termo melhor para a ocasião), e sua ciência pós-moderna, podem e devem acolher outra percepção sobre a intuição, sobre a opinião, sobre o senso comum. Afinal, essa relação construída no início do texto demonstra (racionalmente) o ciclo espaço-temporal que está inserida a consciência da ciência: a epistemologia positivista moderna está se destruindo a partir de si mesma, porque, ao ratificar-se em absolutismos, fechou-se em si mesma e em suas verdades incontestáveis, e se encontra agora, nada mais, nada menos, impotente frente à sociedade contemporaneamente estruturada sobre possibilidades de possibilidades. Sejam possibilidades para o bem ou para o mal (para além do bem e do mal, ou para o meio termo ((ou consenso)), o que é muito diferente de neutro, vale salientar), tanto a ciência acadêmica do conhecimento, como o senso comum e sua ciência da sociedade (a tecnologia), proporciona soluções e saídas para questões de diversos escalões e temperaturas. A grande questão é que a ciência acadêmica ainda não está conseguindo demonstrar que, apesar de ajudar, a tecnologia não resolve tudo. Lembro-me do que dizia Wittgenstein: sentimos que, logo ao serem respondidas todas as questões científicas possíveis, os problemas da vida permanecem completamente intactos. É nesse sentimento de impossibilidade e de impotência que o setor responsável pela construção de ciências e saberes/conhecimentos (a academia brasileira) está falindo socialmente (consequentemente, falindo financeiramente). O senso comum está longe da academia porque ela mesma não considera as opiniões como formas de conhecimento válido.
Antes, foi a opinião que conduziu alma ao motor primeiro do mundo das ideias de Platão; à questão primeira da construção da retórica de Sócrates; o cerne primeiro da construção científica cartesiana, newtoniana e, como não, contemporânea. As opiniões são formas de conhecimento com fundamento no senso comum e por não estarem fundamentadas num saber científico, não podem ser desconsideradas. São as grandes questões intuitivas que originaram os grandes e complexos sistemas de raciocínio das ciências e dos conhecimentos, e, consequentemente, toda a epistemologia das ciências e saberes acadêmicos. Logo, devemos estar atentos ao sentido do que pode vir a significar o termo opinião. Antes de tudo, temos de respeitá-la.  
A fim de problematizar essa questão, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos levanta uma verificação sobre três possíveis atos epistemológicos da ciência: a ruptura, a construção e a constatação. Esses são termos que constituem o cerne da problematização da consciência da ciência ou dos saberes modernos (opiniões fundamentadas cientificamente), mas que estão extremamente arraigados à ciência contemporânea. São termos delicados porque trazem à tona um sentido positivista de análise/prova. Logo, o sentido dessa construção terminológica não abarca as necessidades do contemporâneo (sejam elas demandas científicas ou sociais), porque a sociedade está para além de uma mera dupla relação.
Talvez se reconsiderássemos o termo ruptura (que remete à ideia de quebra para posterior divisão, abarcando, assim, ainda um sentido de duplicidade, num sentido dialético, tripartite) no sentido do que significa desconstrução (que remete a construção do conhecimento a partir de uma desmontagem, e não de uma destruição); se reconsiderássemos o termo construção (que remete à destruir para aplanar e, por fim, construir) no sentido do que pode significar reconstrução (o que viria a se construir a partir do que foi previamente conhecido em seus detalhes durante a desmontagem e, consequentemente, percebidas suas verdadeiras necessidades); e finalmente se reconsiderássemos o termo constatação (que remete à verdade constatada por prova, por uma única verdade, absoluta) no sentido do que pode significar verificação (que remete às consequências de uma práxis); se durante essa discussão terminológico-semântica pudéssemos reconsiderar esses termos nesses sentidos, a construção da ciência contemporânea abarcaria melhor as demandas contemporâneas da sociedade, seja ela a sociedade acadêmica ou não.
Estamos numa fase de crises, e crises pedem mudanças intra e extra estruturais; centrífugas e centrípetas; pedem desconstrução / reconstrução / ressignificação da própria duplicidade (que Boaventura Santos chama de ruptura da dupla ruptura) ou triplicidade (da dialética). Se estar no pós é necessitar tanto do multi, do intra e do “trans”, logo, necessitamos de possibilidades, logo, necessitamos tanto do senso fundamentado na ciência, como do senso comum social.
Bachelard já dizia que uma descoberta objetiva é imediatamente uma ratificação subjetiva. Noutras palavras, disse-nos que não há ciência sem senso comum, porque não há ciência sem interação social. E não há ciência sem senso comum duplamente, porque sem senso comum não haveria a àquela questão-chave ou primeira, consequente da intuição ou da opinião (como discutimos acima); como não haveria ciência (ou saber acadêmico), porque ela própria (a ciência, a academia) é construída da e para a sociedade como um todo. Logo, para e do o senso comum. Essa “sociedade como um todo” (e seu senso comum) é a matriz primeira dos questionamentos e, ao mesmo tempo, o objetivo final das ciências (e dos saberes acadêmicos). Por que, e para quem, que se gasta tanto dinheiro para pesquisar acerca da cura ou tratamento de uma doença? Por que, e para quem, se gasta tanto (um pouco menos, talvez) em dinheiro para se preparar profissionais da educação extremamente qualificados para ensinar nas escolas (os popularmente chamados professores)? A sociedade é, ao mesmo tempo, objeto (enquanto seres-sujeitos para pesquisa), e objetivo da comunidade científica. Se a qualidade do tratamento, a cura de uma doença, ou a preparação e qualificação do profissional professor, não suprem a demanda social, será que o problema está no Estado (no governo), no cidadão comum da sociedade do senso comum, nos cientistas que fazem a academia (sejam eles biólogos, químicos ou sociais), ou está na interface relacional desse todo? Se tudo o que nós cientistas acadêmicos fazemos na academia (enquanto produção do conhecimento) é só e somente só construído da, e para a, sociedade, será que essa crise científica pós-moderna e seu paradigma de si mesma na contemporaneidade, é um problema só (só, no sentido de ser possível uma resposta única e verdadeiramente absoluta como solução)? Será que nós, acadêmicos, poderemos resolver algo disso sozinhos? Ou a sociedade, ou o Estado? Será que a sociedade está sendo convidada ou atraída para nos ajudar? Sim, AJUDA! Desçamos dos nossos degraus e saltos, amigos mestres e doutores. Estamos, sim, precisando da ajuda do povo para construirmos nosso conhecimento e legitimá-los como tal, para não deixarmos que morra o cerne substancial que alimenta o logos e o ethos da academia: a phronesis. Lembremo-nos de como se questionava Wittgenstein: “a acumulação de tanto conhecimento sobre o mundo se traduziu em tão pouca sabedoria do mundo?”
Será que a construção da verdade deve mesmo se permear por uma teoria da correspondência, cuja opinião/conhecimento verdadeiro é de quem é dono do poder de regimentar algum discurso noutro discurso válido e correspondente de si e para si e seus pares? Precisamos de uma academia de verdades? Verdades que sabemos se tratar, nada mais, nada manos, do que um melhor argumento, por mais fingido, fictício, enganoso, falso ou dissimulado que possa ser? Boaventura de Sousa Santos diz que “a verdade é o efeito de convencimento dos vários discursos de verdade em presença e em conflito”. Então já que estamos na era dos conflitos e das crises, e que a verdade é, então, construída pelo argumento, creio que chegou o momento de convidarmos nosso objeto/objetivo de pesquisa para nos ajudar a construir esses argumentos, que se transformarão em verdades, e estas, em conhecimentos, que serão úteis a todos nós, já que num contexto de diferenças, talvez conhecimentos atendam melhor ao sentido do que quer dizer alteridade, afinal, conhecimentos são contextuais, e o contexto é estrutural, e todos nós (humanos) e tudo o que nos cerca (tecnologia e natureza) formam esse todo estrutural.



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terça-feira, 5 de abril de 2011

Epílogo da chama de uma vela


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Resenha do epílogo de:

BACHELARD. Gaston. A Chama de Uma Vela. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989 (pp. 107-109).


[...] o quadro recebe mil variantes: porém, guarda sua unidade [...]. Na primeira página do fim de seu livro A Chama de Uma Vela (primeiro parágrafo da página 107, já no epílogo), esse pensamento de Bachelard resume em poucas e belíssimas palavras a variabilidade sistemática da vida. Tudo está múltiplo por estar em constante relação com o outro, ao mesmo tempo em que também é uno ao guardar aquele milímetro átomo de particularidade, que centraliza sua individualidade, sua importância fundamental de existência. Independentemente de se tratar de um objeto, este por si só guarda instantaneamente uma unidade quando se relaciona com o sujeito, por ser, este último, capaz de caracterizar, de definir, de hierarquizar, de adjetivar.


segunda-feira, 21 de março de 2011

A Sociedade dos Indivíduos

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Ontem eu parei para ler um livro de um autor chamdo Norbert Elias. Quem conhece, bem, talvez se identifique com a discussão abaixo, se interesse e leia. Já quem não conhece, eu obrigaria a ler as questões trazidas por essa discussão abaixo. Não para concordar. Não. Nem para discordar sem argumentos. É somente para conversarmos sobre o que eu pensei e sobre o que pensarão vocês, quando lerem.

O título do livro era A Sociedade dos Indivíduos. Parei na capa; nem abri o livro. Parei. Ora, como assim, uma sociedade de indivíduos? Como é possível? A palavra sociedade traz uma ideia de coletivo, de grupo. Indivíduo traz a ideia de único, indidivual. Ou seja, um grupo de individuais. Então abri o livro e não consegui passar mais do que seis páginas e parei novamente.


Como seria possível uma sociedade sem nação, sem Estado, sem língua, sem cultura própria? Como é possível isso, como é possível? Explica-me como é possível uma sociedade una com tanta diferença! É possível? Eu não consigo, minha imaginação aguçada ou péssima botou pra fora que Norbert Elias propôs uma hipótese... trocando em miúdos: ele viajou. Criou uma hipótese pra trabalhar em cima, pra pensar... como um personagem jogado lá e cá nos conceitos para poder selecionar alguns deles e poder avaliá-los. O que é que ele diz?