sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Panorama Latinoamericano, sem hífen ou separação.



É de longe que se sabe da importância – e da extrema necessidade – de uma unificação político-econômica na America Latina para um desenvolvimento mais forte e independente, numa tentativa de se manter mais fora do que dentro dos padrões e ideários da política neoliberal euro-estadunidense.


Não que os fatos últimos ocorridos na América sejam últimos e únicos para a solução dos impasses dos interesses das grandes corporações industriais e midiáticas na região, mas desde a reeleição do presidente Lula, aqui no Brasil, que, querendo ou não, sempre foi no poder o maior representante de uma tentativa de política voltada para o povo, contudo sempre mantendo seu papel mediador entre os interesses dos pobres e dos bancos, porém, com muito menos privatizações e com o apoio de ministros que já deixaram os cargos por diversos problemas enfrentados contra os tubarões e dinossauros do mantenedouro da política no Brasil e na América.


Lá nos EUA, estas são as palavras que Flávio Aguiar escreveu na sua coluna na Agência Carta Maior, diante da indicação de Barack Obama para disputar a presidência Dos Estados Unidos da América (do Norte), o cargo mais Cobiçado e odiado do planeta Terra, em toda sua história: “Entre os tombos, Barack pra presidente! As promessas e as decepções, a gente discute depois”.


Onde quero chegar? Quero chegar à tentativa de mostrar que, ao que parece, a América Latina está começando a se conscientizar de que para haver um reacionarismo nativo, os fatos últimos e a análise do panorama político-econômico latinoamericano no momento são de extrema importância para o início das concretizações dos planos de desenvolvimento auto-sustentado de independência há tanto teorizada.


Vamos a um rápido giro.


Em Asunción, o ex-bispo católico e socialista Fernando Lugo, de 57 anos, está, nesse momento, assumindo a Presidência do Paraguai em meio a uma grande expectativa de mudanças no nosso parceiro do Mercosul. Seus gestos de apoio e aprovação em direção ao venezuelano Hugo Chávez já incomodam o mundo político conservador paraguaio, mas foram recebidos com tranqüilidade pelo governo brasileiro, que quer negociar – e espero que com cuidado – as fontes energéticas e suas conseqüências da usina de Itaipu.


Em La Paz, no dia seguinte ao referendo revogatório, no qual Evo Morales foi massivamente ratificado, com cerca de 65,5%, e no qual os principais prefeitos (governadores) autonomistas também conseguiram uma massiva votação, ganhou força a necessidade de iniciar um caminho de reconciliação nacional. A vitória do índio aymara que restituiu ao país andino o controle sobre recursos naturais que, antes da onda liberalizante, eram explorados pela Yaciamientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB), empresa que foi retalhada e vendida a cerca de 20 multinacionais de petróleo, demonstra que o povo do Altiplano aprendeu que sua cultura é uma forma intensa e superior de fazer política. Uma práxis tão rica quanto vitoriosa.


Lá em Caracas, o ex-chefe paramilitar colombiano Hebert Veloza admitiu ter sido responsável junto com seu grupo armado pelo assassinato de mais de três mil pessoas entre os anos de 1994 e 2003. Esse foi um dos fatos que deixou claro serem as relações entre a Colômbia de Uribe e os Estados Unidos dos Bushes uma afronta à liberdade da América Latina.


Muito mais do que minha aprovação ou desaprovação a esses governos, eu acredito que depois de anos, já dá pra começar a pensar em um futuro mais otimista para a América Latina. Fatos como esses, expressam um desejo de avanço, que só vai ser possível com uma América Latina integrada.

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Construir uma nova hegemonia é desafio para América Latina

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Em entrevista ao jornal argentino Página 12, Emir Sader analisa o atual momento político da América Latina. Para o sociólogo brasileiro, o que está faltando para a integração da região avaçar é um projeto estratégico de futuro, uma compreensão mais clara do que é a América Latina hoje. As propostas do Banco do Sul, de uma moeda única e de um Banco Central Único apontam para essa direção, defende Sader.


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(fotos: Jornal Zero Hora, Maio de 2008 e google.com)




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