sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Petrobras no Parque Nacional Yasuní




No dia 24 de outubro, o presidente do Equador, Rafael Correa, concedeu à Petrobrás uma licença ambiental para explorar petróleo no Bloco 31, localizado dentro do Parque Nacional Yasuní. O parque está localizado na região amazônica equatoriana, território ancestral dos í­ndios Waorani e dos povos em isolamento voluntário.
Cerca de 3 mil indí­genas Waorani, além de pelo menos mil índios Tagaeri e Taromenane, vivem na região e correm risco de perderem suas terras, recursos naturais e contraírem doenças trazidas pelos exploradores do petróleo, dentre outros males. Os impactos afetam também a área, que é considerada reserva da biosfera pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
O fato se insere no contexto da exploração mercenária do petróleo equatoriano,que vem ocorrendo há mais de 30 anos. Essa política, agora conduzida pelo Brasil, foi praticada por muitos anos por empresas estadunidenses e mantida em favor dos interesses capitalistas no país. Em 1981, o então presidente equatoriano Jaime Roldós Aguilera, eleito dois anos antes, foi morto em um acidente de avião após se recusar a cooperar com as propostas internacionais de exploraçao do petróleo. No mesmo ano, o recado foi extendido ao Panamá: o presidente Omar Torrijos, cujas políticas iam de encontro aos interesses dos EUA, morreu em outro acidente de avião.
Os movimentos sociais equatorianos estão mobilizados e realizaram manifestacões em frente à sede da presidência do paí­s, exigindo que o governo negue licença ambiental à Petrobrás. Uma campanha internacional pela negação dessa licença também está sendo organizada.


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terça-feira, 30 de outubro de 2007

À Primeira Vista (At First Sight - EUA – 1998)


Oficialmente, o filme À Primeira Vista, contracenado principalmente por Amy (Mira Sorvino), que se apaixona por Virgil (Val Kilmer), conta uma história, baseadas em fatos reais, de um dos contos de “Um Antropólogo em Marte” do neurologista Oliver Sacks. O filme se resume em um homem bonito que ficou cego acidentalmente na infância. Eis que então surge uma esperança, através de um novo e revolucionário tratamento experimental, e Virgil é operado com sucesso. Ele recomeçará tudo de novo, aprendendo mais uma vez a enxergar a luz do dia e, quem sabe, descobrir a força do amor. A partir dessa pequena trama romântica, que nos faz especular ser fundamental para um retorno financeiro do filme, embora a história real tenha vindo também de um romance, a nós mostra uma parte desconhecida, ou pouco percorrida por nossas buscas na vida: o que pode ou não ser considerado real e até ponto as coisas a nossa frente realmente não são só constituídas por “meros estímulos de sinapse unidos a conceituações meramente racionais e/ou organizacionais”.
Há muitos anos acredita-se que a privação de um dos sentidos coincide com uma compensação desta deficiência – a dita Teoria da Compensação. Em cegos, por exemplo, a perda da visão provocaria um aumento da capacidade dos demais sentidos, como a audição e o tato. A idéia de compensação é ainda hoje parte integrante da representação social da cegueira. É freqüente que as pessoas atribuam ao indivíduo cego uma percepção privilegiada nos demais sentidos em função da carência da visão. Tratando disso, o objetivo dessa resenha é analisar em que consiste a noção de compreender o espaço em relação a essa dita compensação que é, em parte, desmistificada no filme, e em relação à diferença da interpretação da vida entre quem não enxerga e em quem enxerga, trazendo à luz a razão epistemológica da discussão existencial discutindo seu desenvolvimento, alcance e limites no campo da psicologia, à luz das ciências cognitivas contemporâneas.
Muito embora a cirurgia de Virgil tenha sido bem sucedida em termos médicos, não ocorrendo problema algum de ordem fisiológica, em termos psicológicos e existenciais, a manutenção de seus hábitos fez com que ele não abandonasse seu antigo "mundo de cego". Esta postura acabou por impossibilitá-lo de construir uma nova forma de vida compatível com a sua nova condição.É certo que isto não se dá de modo espontâneo, tendo em vista a ocorrência de dificuldades que demandam esforço e aprendizagem. Esta transformação não vem de forma direta e imediata. Trata-se, antes, de um processo de reinvenção da vida, dos conceitos, nas ditas verdades, das postulações, das palavras. Com o filme, dirigido por Irwin Winkler, penso que no caso descrito por Sacks, apontando que um comportamento só é passível de mudança quando se aprende a lidar com novas condições e situações de vida, acredito que a ação deve ser mudada quando se dá um outro sentido ao mundo que se experimenta. Na maioria das vezes, tais alterações são difíceis e dramáticas, no entanto, esta mudança de percepção não prescinde da aceitação e compreensão por parte daquele que a sofreu. Para a análise da deficiência revela-se de especial interesse uma abordagem que leve em conta uma dimensão inventiva da cognição. O conceito de compensação é, a despeito de sua popularidade, uma ferramenta teórica limitada para entender os efeitos sobre o sistema cognitivo da perda de um dos sentidos. A complexidade do problema postado no filme exige uma abordagem mais ampla, que leve em conta essa invenção da cognição e do próprio mundo, como questões indissociáveis. Assim podemos entender o desafio que constitui a perda gradual ou súbita da visão numa sociedade eminentemente “visuocêntrica”, que continua privilegiando a visão dentre os diversos modos de perceber e habitar o mundo, que, tanto quanto ela, também são bem reais. Em suma, para um cego, a sua mesa, ou cadeira, ou o que quer que seja, jamais será a mesma da dele, por mais que se trate do mesmo objeto, pois a interpretação da realidade capturada pelos olhos é diferente da capturada pelo tato, pelo cheiro, ou pelo som.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ponto de Mutação

Creio que, a essas perspectivas analíticas, considero aqui não tão importante uma análise aprofundada sobre a filmografia, no que tange o espaço temático relacionado às fotografias, cortes de câmera, uso de espaços, qualidade de atuação ou de direção, e relacionados. Embora essas análises sejam de assaz importância – e considerando esse filme em questão, análises muito válidas – aqui me atrevo apenas a analisar rapidamente o embasamento teórico da discussão a que se volta o filme: da grande discussão em torno da vida; da necessidade de uma nova visão de mundo, diante de uma crise de percepção por qual passa a humanidade.
Nele, há três personagens principais: uma física norueguesa, um candidato à presidência dos Estados Unidos e um poeta que foge da agitação da metrópole e do liberalismo selvagem Nova-iorquino.
O candidato, ao tomar conhecimento da atitude da pesquisadora frente à sociedade americana – atitude de repúdio – a instiga a explicar melhor as causas desta postura, comum também a várias outras pessoas da ciência.
Para a cientista Sonia Hoffmann (Liv Ullmann), o pensamento de René Descartes, embora muito útil para a sociedade em que ele viveu, por se afastar do pensamento estritamente religioso medieval para explicar a natureza, muito atrapalha a sociedade atual. Descartes criou o pensamento mecanicista, tido como cartesiano. Esse pensamento explicava a natureza como uma máquina que poderia ser desmontada para ser compreendida. Isaac Newton ainda teria contribuído no pensamento cartesiano quando formulou a três leis do movimento na física, que influenciou as artes, a política e toda a sociedade.
Enxergar apenas as partes e não o todo: esse foi o erro que Descartes cometeu e que contribuiu na construção de nações tão interessadas apenas em suas próprias partes.
O poeta, Thomas Harrimann (John Heard), começa sua discussão sobre um questionamento em que bota em pauta a universalidade e/ou a particularidade do ser humano, quando indaga: “O homem é uma ilha?”.
A cientista explica que o homem precisa estar ligado em algo, precisa se relacionar em sociedade para sobreviver. Ela mostra através da física que apesar de todos nós não percebermos, somos interligados por partículas subatômicas. Trocamos energia o tempo todo. Em termos de micro para o macro não há nada no universo em que não haja interligações ou interconexões. Porém, vivemos atualmente numa “crise de percepção de todas as coisas”, pois normalmente a humanidade só pensa em seus problemas isolados e não consegue perceber que tudo faz parte de um todo: o universo.
Uma frase excelente para ser usada nos discursos do político Jack: “não evoluímos no planeta, mas com o planeta”, nos faz perceber que na prática, um belo exemplo disso seriam os Estados Unidos, criticados por serem a nação mais rica do mundo, que utiliza 40% dos recursos mundiais, com uma população que representa apenas 6% no mundo, conhecida por ser a mais feliz e pacífica, contudo é a maior consumista de drogas do mundo e tem uma das maiores taxas de suicídio também. Como explicar essas contradições? É a idéia de evolução. Ela não ocorrerá isoladamente no planeta, mas com todos os povos, que também são partes do próprio planeta, sem falar da enorme teia que é as relações intra e interpessoais.
Diante das teorias frias e puras da cientista e das idéias práticas do político, a poesia recitada pelo poeta os faz calar e refletir sobre o que suas vidas têm feito nesse processo, sobre como eles têm contribuído com sua parte diante do todo. A razão do pensamento científico passa a fazer sentido no calor das palavras do poeta, ao aproximar-se da vida comum e rotineira das pessoas.
Toda essa discussão bota em questão a validade de se viver nesse contexto considerado “legal”, com lados de escolha oferecidos à sociedade e, entre eles, um, onde a adaptação é se acostumar à tecnologia, ao neoliberalismo, ao conforto e se afundar nos sentimentos egocêntricos; ou optar por ser realmente livre, a partir de si mesmo, dentre as várias opções oferecidas pela fusão das milhões de formas de pensar e agir, a nós oferecidos pela pós-modernidade.

MindWalk, filme de Bernt Capra, Cannes, Home Vídeo, 1990, baseado no livro Turning Point, do físico austríaco Fritjof Capra.


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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mobilização Pelo Controle Social Sobre as Concessões de Rádio e TV

Audiências Públicas e Julgamentos Populares (clique na imagem para ampliá-la e ler o informe)
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Hoje as concessões são um instrumento de manutenção do poder estabelecido. “Não aceitamos mais esta barbárie e este ‘velho oeste’ que marca o processo. É preciso se mobilizar para transformar esse quadro”, diz. “Alguma regulação é necessária para mudarmos esta situação. E eles acham que são intocáveis e que têm um poder sagrado. Mas não têm”, afirma Sonia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres. Além da ampliação dos grupos e organizações que participantes da campanha, devem ser organizadas audiências públicas locais e regionais, e produzidos materiais de campanha pela democratização das concessões de rádio e TV.
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Entre as iniciativas locais da ação conjunta, estão previstos julgamentos populares das programações de rádio e TV, além do mapeamento do uso espectro em cada cidade. A agenda de mobilizações do dia 5 de outubro deve se estender ao longo do mês. De 15 a 21 de outubro será realizada a Semana pela Democratização da Comunicação, que acontece anualmente na semana do 18 de outubro, Dia Nacional pela Democratização das Comunicações.

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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Desconhecemos a arte de prevenir-vos contra NÓS.





























"É assim que começo a pensar em tentar refletir em sentidos de práxis o novo som que eu estou fazendo com um pessoal profissional por aqui. Apesar de desconhecermos a arte de prevenir-vos contra nós, é percorrendo o universo musical com sensibilidade e ultrapassando a barreira do superficial, que já se chegará bem próximo de uma descrição do que pode vir a ser esse novo sentido".
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Falo da "Ínsula", projeto musical de Juliano Muta no violão, voz e barulhos; Demóstenes Jr. no cavaquinho, no trompete e na voz; eu, Fel, no contrabaixo e na voz; Luis Carlos no seu estrondoso violoncelo; o nosso magnânimo Leonardo Vila Nova, na percussão e na voz; e nosso gaiato Manuel Cunha Filho, o Manel, na bateria.

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Não vou me atrever a tentar rotular estilo, moda, visual, ou qualquer adjetivo específico, porque considero um tanto complicado conseguir fazer isso (mas pra quem não perdoa e faz questão de uma tentativa de rotulação, eu me atrevo a chamar de MPB-Jazzístico-tropicalista-abaiãozado, se servir, hahahahahahahahahahahahahahahahaha) ou então, como a nós foi proposto, chamarmos de "Árido-Jazz"; aquela coisa áspera, areia, que une de tudo para poder sobreviver num meio mais hostil que amigo, contudo impregnado de arte, sentimento, improviso e originalidade.
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Pois é, é bem por aí. A banda tem pouco tempo, mas já mostra que tem frutos muito bons pra dar, ou sementes muito lindas pra plantar, com músicas próprias e releituras de diversas outras, em diversos estilos.
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Em breve serão disponibilizados links pra blog, comunidade no orkut ( http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=38509620 ), site, myspace, e relacionados que geralmente se usa pra divulgação virtual. Aí, colocarei tudo aqui, imediatamente. A priori, disponibilizarei aqui as únicas 4 músicas que temos gravadas em pré-mix por enquanto - encontram-se num link embaixo da foto da "mão vermelha" - todas devidamente registradas e criadas por nós (há também letras que são poemas de Miró, um poeta recifense da atualidade).
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Então, vão curtindo por aí esse início, que o fim tá longe do começo.







A Ilha dos Vícios - Ínsula

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Concreto e neblina cega. O homem moderno vive imerso em uma maquete de mundo que criou para se sentir seguro e nem conhece direito o planeta em que vive, que dirá o universo. Mas há algo que grita dentro de cada ser humano, silenciosamente, ao fechar os olhos ou meditar. Até onde o que existe é criado pelos sentidos? Qual o limite entre o real e a fantasia? E se tudo que vemos não passar da construção ancestral de uma linguagem viciada?
A resposta para a origem dos desejos está numa ilha dentro de nossas cabeças: Ínsula. Sua função cerebral é o controle de todos os vícios, os impulsos de vida. É ela a responsável por iludir nossos olhos, boca e ouvidos, sendo a fonte de nosso prazer e de nossa dor. Desatento, pode alguém passar pela vida e não vivê-la de fato, ludibriado pelos sentidos.
Nesse cenário, a música é libertadora. Ela tem o poder de nos levar além dos limites, fazendo-nos transcender o visível. Ao acompanhar uma harmonia e uma melodia bem construída, a mente viaja por mundos nunca antes visitados. É justamente essa a proposta do grupo. Percorrer o universo musical com sensibilidade de ultrapassar a barreira do superficial. No repertório, músicas próprias e versões de compositores consagrados, sem fronteiras geográficas ou estilísticas. A idéia é ter liberdade para, por exemplo, fazer uma leitura de um standard do jazz norte-americano se utilizando de elementos tupiniquins ou executar um típico baião nordestino com o mesmo apuro e cuidado, sem preconceitos, pois música é universal. Há boa música em Bangladesh e na China, em Oklahoma ou no sertão do Pajeú, basta estar aberto a ouvi-la.








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Link pra download de 4 músicas, para demonstração, em WinZIP: http://www.mediafire.com/?e2qwpebfynf




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Das Sensações, por Diego Alberto


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A primeira impressão é de um ambiente imenso, quimérico e repleto de movimentos alternantes. Em “4h e 1min”, sinto um certo deslocamento do meu espírito, aos alumbramentos do bairro da Boa Vista, no centro do Recife, que por sua vez me remete à Manoel Bandeira e toda uma atmosfera simples e tranqüilizante. Muito boa essa música, adorei as incursões do início, das vozes ao poema, e no final, o sino que parece por fim em tudo, como num acaso. Então saio de um sonho bom, parar entrar na boa energia que emana da “Missa”. Uma sobreposição de imagens me passa e me leva, até que a figura de um deus canibal que me devora e me faz lembrar do jazz, da bossa nova e do tropicalismo, ao mesmo tempo que aponta para origens africanas de nossa música. Ótima harmonia instrumental e aquele gosto de estar conscientemente chapado, diante daquelas situações de dejavu que persiste em nos acometer de repente... Muito boa essa “Missa”. “Não quero saber o nome do meu pecado/eu caminho nos caminhos que a lua reluz/e reduz/o homem no homem/simples e puro/simples e puro...” Estes versos sintetizam um sentimento de liberdade tão profundo, que bastaria somente isso na canção e tudo seria permitido. Mas a música tem muito a dar, principalmente no conjunto de rítmico de sopro e percussão... Com certeza essa energia é outra coisa mais bela... Tenho a forte impressão de que a música produzida pela Ínsula tem muito mais de mar, do que propriamente de ilha. Afinal é abundante o conteúdo de acontecimentos sonoros produzidos pela banda... e isto é só o começo.
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Ínsula é:




- Juliano Muta - violão, voz e barulhos


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- Demóstenes Jr. (macaco) - cavaquinho, trompete e voz






- Felipe Viana (fel) - contrabaixo e voz






- Luis Carlos - violoncelo






- Leonardo Vila Nova (leo doido) - percussão e voz








Manoel Cunha (manel) - Bateria






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Agora, anatomicamente falando...



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Das Emoções






A Ínsula, num conceito da wikipédia, é um um lobo profundo, situado no fundo do sulco lateral, no encéfalo. A ínsula tem forma triangular com vértice ínfero-anterior, está separada dos lobos vizinhos por sulcos pré-insulares. Possui cinco giros (curtos e longos). Suas principais funções são fazer parte do sistema límbico e coordenar emoções, além de ser responsável pelo paladar.



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A anatomia das emoções







"Uma pequena estrutura do cérebro, a ínsula, estásurpreendendo os cientistas, que ali descobrema sede de diversos sentimentos humanos", por Anna Paula Buchalla.








Numa das regiões mais recônditas do cérebro, os neurocientistas encontraram uma nova peça para um dos mais instigantes quebra-cabeças da medicina – o mapeamento das emoções humanas. Do tamanho de uma ameixa seca, a ínsula trabalha em parceria com outras duas estruturas cerebrais, o córtex pré-frontal e a amígdala (estes, sim, velhos conhecidos dos estudiosos no controle de diversas emoções). A ínsula funciona como uma espécie de intérprete do cérebro ao traduzir sons, cheiros ou sabores em emoções e sentimentos como nojo, desejo, orgulho, arrependimento, culpa ou empatia. "Ela dá colorido psíquico às experiências sensoriais", diz o neurocirurgião Arthur Cukiert. Ou, como definiu o psiquiatra americano Martin Paulus, professor da Universidade da Califórnia, é na ínsula que o corpo e a mente se encontram.
Descrita pela primeira vez no fim do século XVIII, pelo anatomista e fisiologista alemão Johann Christian Reil, a ínsula sempre foi negligenciada pelos pesquisadores. A dificuldade de acesso impedia estudos mais minuciosos sobre sua fisiologia. Nos últimos dez anos, graças ao aperfeiçoamento dos exames de imagens, como a ressonância magnética funcional, a ínsula despertou a atenção dos neurocientistas. Flagrada em pleno funcionamento, já se viu que ela é ativada toda vez que alguém ri de uma piada, ouve música, reconhece expressões de tristeza no rosto de outra pessoa, quer se vingar ou decide não fazer uma compra (veja o quadro) "Os estudos já mostraram também que a superativação da ínsula está relacionada a diversos distúrbios psiquiátricos, sobretudo as fobias e o transtorno obsessivo-compulsivo", diz o neurologista Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo. Imagens do cérebro indicam que lesões na ínsula podem levar à apatia, à perda de libido, a alterações na memória de curto prazo e à incapacidade de alguém distinguir pelo cheiro um alimento fresco de outro estragado.
O trabalho mais fascinante sobre a ínsula foi divulgado recentemente pela revista científica Science. Tudo começou com a história do senhor N., de 38 anos. Tabagista compulsivo, ele fumava cerca de quarenta cigarros por dia. Um derrame, no entanto, fez com que ele instantaneamente abandonasse o vício – "esquecesse a vontade de fumar", como descreveu aos pesquisadores das universidades de Iowa e do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. Com o derrame, a ínsula do senhor N. havia sido lesionada. Outros pacientes, também fumantes e com danos na mesma região cerebral, foram avaliados. A maioria deles perdeu a vontade de fumar. Esse estudo foi o primeiro a relacionar uma área específica do cérebro ao vício. "O tabagismo não pode ser explicado apenas pela ação da nicotina no cérebro", diz Nasir Naqvi, um dos autores da pesquisa. "O vício deflagra uma série de mudanças comportamentais e fisiológicas – o aumento dos batimentos cardíacos, a elevação da pressão, a alteração do paladar e a sensação da fumaça entrando nos pulmões, entre outras." Todas essas informações são processadas na ínsula e traduzidas na ânsia de acender mais um cigarro. Trabalhos como esse abrem o caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos contra o tabagismo e outros vícios, como a dependência de drogas e o alcoolismo.
Como se trata de uma área de pesquisa relativamente nova, a ciência ainda não conseguiu esmiuçar todas as funções da ínsula. As diferentes partes do cérebro não agem isoladamente, mas por meio de circuitos múltiplos, que interagem entre si – o que torna o estudo do cérebro extremamente complexo. De qualquer forma, as descobertas recentes sobre a ínsula são uma fonte preciosa de informações sobre a anatomia das emoções. Um dos grandes estudiosos do tema é o neurocientista português António Damásio. Ele busca em seus estudos a base biológica das emoções e da consciência humanas. "Os sentimentos não são nem inatingíveis nem ilusórios. São o resultado de uma curiosa organização fisiológica que transformou o cérebro no público cativo das emoções teatrais do corpo", escreveu Damásio no livro O Erro de Descartes.














A ponte entre o corpo e a mente






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ONDE FICA: Do tamanho de uma ameixa seca, a ínsula está localizada numa das áreas mais profundas do cérebro, na face interna do lobo temporal, um dos sistemas envolvidos no processamento da memória, do pensamento e da linguagem
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O QUE SE SABIA SOBRE A ÍNSULA

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Até dez anos atrás, a ínsula era caracterizada como uma das áreas mais primitivas do cérebro, envolvida em atividades básicas como alimentar-se e fazer sexo.









...E O QUE REVELAM AS DESCOBERTAS MAIS RECENTES



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• Na porção frontal da ínsula, experiências sensoriais são transformadas em emoções e sentimentos como nojo, desejo, decepção, culpa, ressentimento, orgulho, humilhação, arrependimento, compaixão e empatia;





• Ela prepara o organismo para situações que ainda estão por vir. Quando, por exemplo, alguém tem de sair de casa e lá fora faz frio, a ínsula é ativada de modo a ajustar o metabolismo para enfrentar a situação;





• A ínsula modula a resposta do organismo a estímulos dolorosos;







• Em pacientes vítimas de fobias e de transtorno obsessivo-compulsivo, a ínsula registra atividade intensa;




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segunda-feira, 25 de junho de 2007

Vocês têm família, tá? Vocês têm trabalho, tá? Mas vocês não têm progresso nenhum!




Segundo, isso:
Altos índices de violência se mantiveram no Brasil em 2006, devido a problemas nos sistemas de segurança pública, penitenciária e judicial, inclusive com violações sistemáticas dos direitos humanos, segundo o relatório anual da Anistia Internacional publicado essa semana. O relatório denuncia que a tortura "continua sendo generalizada e sistemática", e fala de "dezenas de milhares de mortes relacionadas com armas". Além disso, lembra atuações abusivas da Polícia e violações de direitos no acesso À TERRA, calculando ainda que cerca de 8 MIL PESSOAS estejam em condições de escravidão ou servidão. Sobre o primeiro mandato do presidente Lula, a Anistia Internacional (AI) diz que "se caracterizou pelas abundantes denúncias de corrupção política, procedentes de todo o espectro político". "O envolvimento de funcionários do Estado em atividades ilegais derivou em violações de direitos humanos e num aparente aumento do crime organizado em todo o país", diz o relatório. Porém, o texto ressalta também os programas sociais do Governo, "que permitiram que cerca de 11 milhões de famílias pobres recebessem uma subvenção ao enviar a seus filhos e filhas à escola primária", embora eu não discuta aqui e agora as conseqüências positivas e negativas disso. Enfim. A AI cobra as reformas prometidas do sistema penal, suja ausência "contribuiu para que os funcionários encarregados de fazer cumprir a lei cometessem violações sistemáticas de direitos humanos, como uso excessivo da força, execuções extrajudiciais, torturas e maus-tratos, e dessem mostras de uma corrupção generalizada". O relatório lembra que mais de mil pessoas (807 no Rio de Janeiro e 528 em São Paulo) morreram em confrontos com a Polícia, que classificou os incidentes como "resistência seguida de morte". As situações, no entanto, "parecem indicar" em muitas casos uso excessivo da força ou execuções extrajudiciais. A AI lembra o surgimento em São Paulo de uma facção criminosa nascida nas prisões, a resposta policial com a morte de "suspeitos" e as denúncias de homicídios "no estilo dos esquadrões da morte" em diversos estados. Sobre a situação das prisões, a AI destaca o aumento da população carcerária e um investimento econômico e político insuficiente. Um exemplo da "quebra do sistema" é o fato de que 1.600 presos, entre eles doentes e feridos, permaneceram durante vários meses num pátio com espaço para 160 pessoas, enquanto era reconstruída a prisão de Araraquara em SP. O relatório calcula que milhões de pessoas sofrem privações sociais e econômicas por terem sido privadas do acesso à terra e À MORADIA. O problema "continua sendo um foco de violações de direitos humanos", inclusive despejos, ataques a ativistas agrários ou contra a construção de represas, movimentos de ocupação de imóveis urbanas e conflitos com povos indígenas. A AI cita números da Comissão Pastoral da Terra quando se refere ao cálculo de 8 mil pessoas foram submetidas a condições equivalentes à escravidão ou servidão. Os defensores de direitos humanos "continuam sendo alvo de ameaças e ataques", segundo a AI e segundo percebemos cotidianamente. O relatório lembra ainda o assassinato em 1987 do jesuíta espanhol Vicente Cañas, que trabalhava na defesa dos povos indígenas. Dois supostos assassinos foram julgados 19 anos depois, mas o tribunal, que confirmou que houve assassinato, absolveu os réus devido a erros na investigação.
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Agora, não creio como alguém ainda consegue direcionar e/ou relacionar culpa à maioria das pessoas pobres que roubam, matam e/ou trazem a violência pra sociedade!
Maior violência a sociedade oferece - além de não dar muita alternativa de escolha - pra essas pessoas. Isso é só uma resposta, que, ao meu ver, já vem tarde, e ainda não tá nem no começo... A tendência é piorar.
E você ainda pode até vir me dizer: "sim, mas e as pessoas inocentes que não culpa e sofrem com essas consideradas transgressões? A gente não têm culpa de nada pra sofrer com isso". Aí é que tá o engano. Você, eu, todos nós somos a SOCIEDADE. Se ela tá do jeito que tá, a culpa não é de mais ninguém que além de minha, sua, dele e dela. Não adianta se trancar, se blindar ou se escconder. A culpa é de todo mundo, e cedo ou tarde, a violência vai chegar em você.
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quarta-feira, 20 de junho de 2007

Eis que surge o renascimento:

do Underground...


No início foram os beatnicks. Era começo dos anos de 1950 e o mundo vivia o pós-guerra. Os EUA, despontando como grande potência bélico-econômica mundial, construíam o que entraria para a história como american dream (sonho americano). Mas sua juventude encontrava-se perdida em meio a um pesadelo de incertezas e sentimentos de desajuste. Costumes antigos não mais cabiam na nova época. A saída? Abandonar tudo e experimentar novos lugares, novos hábitos e tudo mais que houvesse de novo. A literatura beat, embora nascida em textos de poesia ou prosa, trazia forte componente filosófico e musical, além de forte interesse por tudo o que quebrasse o discurso do establishment - político e cultural.No entanto, as manifestações do comportamento se encontravam em pleno movimento, e as coisas ainda tinham que mudar bastante. Segundo Cláudio Willer, pioneiro tradutor de literatura beat no Brasil e também poeta, o movimento existiu em um contexto relativamente curto no tempo, encerrando-se em seu formato original no final dos anos de 1950. Dele, no entanto, nasceria o primo famoso, o movimento de contracultura, que se fez conhecer mundialmente por meio da figura dos hippies. "Digamos que os beats do final de 1950 foram substituídos - ou sucedidos - pelos hippies a partir de meados da década de 1960", esclarece Willer. "A contracultura nasce dentro da geração beat ou a partir dela." Nessa linha do tempo, o poeta aponta como decisivo fato desencadeador a participação de Allen Ginsberg em manifestações pacifistas a partir de 1963, quando o autor voltou de uma longa viagem ao Oriente e passou a prestar especial atenção a tudo o que fosse alternativo. "Além de sua aproximação com Bob Dylan e grupos de rock", complementa Willer.
No Brasil, a exemplo do que acontecia no resto do mundo - pelo menos o ocidental -, a contracultura, sua música e, principalmente, sua atitude fariam surgir outra vertente que igualmente ficaria na história - e que, segundo alguns, ainda continuaria em voga: o underground. "Nos anos 60, quando Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa fizeram a Tropicália, embora eles quisessem arrebentar com a coisa toda, na verdade eles faziam uma pequena cultura underground, “a exemplo de Gal Costa, quando faz, em seu segundo disco, uma lista das coisas alternativas que ela gostava”, explica o escritor e dramaturgo Antonio Bivar, participante do projeto Underground – Passado / Presente?, no Sesc Consolação, em São Paulo.
Com o País vivendo sob uma ditadura militar que tentava calar artistas e intelectuais numa época em que o mundo fervilhava de novidades, o movimento nasceu ligado fortemente a um desejo de liberdade. O artista plástico José Roberto Aguilar pinta um quadro da época: "Muito do underground, mesmo nas lutas políticas, partiu para um lance de conduta e comportamento, e isso foi fantástico. Além disso, havia o 'faça amor, não faça guerra', a permissividade sexual, os novos comportamentos. O underground nasceu assim”.






...ao Udigrudi

Segundo Luiz Carlos Maciel, Glauber Rocha inventou esse termo para "satirizar" o pessoal do Julio Bressane e Rogério Sganzerla, ou seja, o cinema underground, críticos do Cinema Novo. "E a palavra é horrível, ela manifesta uma ignorância não só do inglês como do português também", enxerga Maciel. Por isso diz-se que a 'tradução' foi uma tentativa de Glauber ridicularizar o movimento. "Ele quis reduzir o underground, principalmente no cinema, porque o pessoal desse movimento na época era uma geração que vinha contestando Glauber. Embora eles fossem meio filhos dele, eles queriam contestar seu poder paterno. E Glauber se sentia sacaneado por eles e inventou esse termo." No entanto, os representantes do underground adoraram a idéia, achavam que tinham de fato provocado com sua atitude contracultural e resolveram assumir o termo. Dessa forma, muitos começaram a se chamar de udigrudi, a despeito da intenção original do termo. Outra vertente é que o termo teria sido criado pelo jornal Pasquim para referir-se ao movimento “underground”, e depois alguns o utilizaram para o movimento contra-cultural recifense.
Os cineastas que fizeram parte do cinema novo prosseguem suas carreiras, a partir da segunda metade dos 70, já desligados do movimento (embora para alguns, especialmente Glauber Rocha, seja difícil afastar-se do rótulo). O cinema novo é substituído como “o” cinema alternativo pelo movimento Udigrudi o cinema-lixo de Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, entre outros, que aparece como, simultaneamente, uma rejeição (principalmente do intelectualismo e das opções estéticas ali- nhadas ao cinema europeu) e uma radicalização do cinema novo. Sem pretensões tão internacionalistas e sem uma política tão definida para o terceiro mundo, o cinema Udigrudi ainda assim faz sua afirmação sobre como deve ser a estética terceiro-mundista: a partir do lixo, das sobras podres (que pode ser tanto lixo cultural, lixo midiático, como lixo tecnológico) do primeiro mundo, o terceiro mundo tem que fazer um cinema ne- cessariamente precário, mal-acabado, violento, iconoclasta e antiburguês.
O movimento Udigrudi, bastante difundido no Recife da década de 70, resumiu-se a uma discografia pequena, onde as dificuldades técnicas da época (Recife, anos 70) foram sobrepostas pelo talento musical e força de vontade, apoiado não só na música - mas em textos, peças teatrais, cinema e artes plásticas - pode demonstrar a riqueza desse (anti) movimento, que trazia influências da Jovem Guarda, beatlemania, tropicalismo e regionalismo, tudo isso unido a uma psicodelia pós-Woodstock. Entre os maiores representantes musicais desse processo, estão Alceu Valença, Aratanha Azul, Ave Sangria, Flaviola e o Bando do Sol, Geraldo Azevedo, Ivinho, Laboratório de Sons Estranhos, Lula Côrtes, Laílson, Marconi Notaro, Paulo Rafael, Phetus, Robertinho de Recife, Zé da Flauta, Zé Ramalho, entre outros.
Paêbirú é um dos principais expoentes do gênero Udigrudi. Participaram da gravação do álbum músicos importantes, como Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença. Na época em que gravou Paêbirú, Lula Côrtes já tinha no currículo o disco Satwa, de 1973, que trazia canções com títulos como Alegro Piradíssimo, Blues do Cachorro Louco e Valsa dos Cogumelos. Já Zé Ramalho tocava com Alceu Valença e tinha em sua bagagem a experiência de grupos de Jovem Guarda e beatlemania.
Além de sua raridade, Paêbirú é caro devido a uma aura quase mística. A fábrica e estúdio Rozenblit, onde o álbum foi produzido, ficava à beira do rio Capibaribe e foi inundada por uma enchente que atingiu Recife em 1975. Milhares de cópias do disco foram perdidas. Salvaram-se cerca de 300, que a ex-mulher de Côrtes, a cineasta Kátia Mesel, havia levado para casa. O disco nunca foi relançado no Brasil, devido a um desentendimento entre Côrtes e Ramalho. No entanto, o selo alemão Shadoks relançou Paêbiru em CD e vinil na Inglaterra ilegalmente, segundo Lula Côrtes. Paêbirú quer dizer “o caminho do sol”, na linguagem inca. O álbum trazia seus quatro lados dedicados aos elementos da natureza [água, terra, fogo e ar]. Nesse clima, rolam canções perfeitas para um momento zen, como Trilha de Sumé, Culto à Terra, Bailado das Muscarias, com 13 minutos de violas, flautas, baixo pesado, guitarras, rabecas, pianos, sopros, chocalhos e vocais "árabes". Raga dos raios, com uma fuzz-guitar ensandecida, e a obra-prima Nas Paredes da Pedra Encantada, os segredos talhados por Sumé, regravada nos anos 90 por Jorge Cabeleira, com participação de Zé Ramalho.
Todos, ou quase todos os discos relacionados a esse movimento e a outros que o influenciaram de forma direta ou indireta, consciente ou inconsciente, como a tropicália e relacionados, podem ser encontrados para donwload em:
http://udigrudirecife.multiply.com e/ou em http://sombarato.blogspot.com.
Já para quem se interessa mais ou ainda não conhece a psicodelia nordestina, mais especificamente, é só acessar o blog
Brazilian Nuggets. Lá é possivel baixar alguns discos, ver capas e ler releases e matérias sobre os álbuns.
Hoje, sabemos e entendemos que o movimento underground continua, contudo seguindo vertentes diferentes em relação a sua atuação. Na rede informatizada, encontramos zines e sites direcionados ao movimento, como o
http://udigrudi.net/zine/2006/08/index.html, embora nem sempre o conteúdo desses links nos enviem para o estudo e a análise mais aprofundada do que foi o movimento na época, mas fazem uma continuação do movimento atendendo às novas necessidades de interpretações criadas na pós-modernidade.


Fontes e referências:

Blog SomBarato:
www.sombarato.blogspot.com

PRYSTHON, Angela, In A Terra em Transe: o cosmopolitismo
às avessas do cinema
, UFPE, 2004.

________________, (organizadora); In Interferências Contemporâneas, 1998, UFPE.

Revista Paradoxo,
www.revistaparadoxo.com, reportagem de Conceição Gama, de fevereiro de 2006.

Site
www.wikipedia.org

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segunda-feira, 11 de junho de 2007

Em protesto singelo ao encontro dos G-8 na Alemanha

Pois é, foi entre meio a essas manifestações e à influência dessa belíssima fotografia, que me vieram à mente e ao espírito algumas palavras na tentativa de forma de rima. Daí, resolvi colocar aqui, em homenagem aos que se movimentaram por lá, alguma mínima movimentação por aqui.
=o)

Blockades - o primeiro dia

Abrace bombas atômicas
e atire as lanças do desejo
em carrinhos de compras
dentro de mercados cheios

Dancemos valsa ao vento
no asfalto quente do centro
enquanto ligas de aço
envolvem os químicos
raios abaixo

Instale câmeras guias
num parque de árvores frias

Lance papéis sobre o chão
escritos em forma borrão
letras miúdas de ler
nada importante pra ver

Estão cozendo trenas,
métricas pro jantar
ao molho pardo
da falsa vontade de amar

não, não, criança,
pare de sonhar,
enquanto não fotografada
ao chorar
Blockades - o último dia

Então lancemos
buquês de flores,
em vez de pedras,
nos atiradores

Sopre bolinhas
de sabão
contra os escudos
desse ódio vão

que os segundos,
com medo,
cansam

enquanto outros,
com os loucos,
dançam.